
A Responsabilidade Espiritual com os Filhos
Texto Bíblico: Jó 1.1-5
INTRODUÇÃO
1 Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal. 2 Nasceram-lhe sete filhos e três filhas. 3 Possuía sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas; era também mui numeroso o pessoal ao seu serviço, de maneira que este homem era o maior de todos os do Oriente.
Não se sabe em qual época exata se passou a história de Jó, mas pelo fato de não haver citação de Abraão, Isaque, Jacó ou Moisés, pode ser situado na mesma época ou época anterior a Abraão. No texto do livro Jó faz citação sobre Adão (31.33) e o dilúvio (12.15).
A antiguidade é comprovada também pelo modo de medir a riqueza, em cabeças de animais e de pessoas a seu serviço (v. 3), em vez de ouro e prata.
E ainda, no sistema patriarcal a função de sacerdote era assumida pelo patriarca da família, tal como Abraão em Gn 15 9-10, em vez do sacerdote do sistema mosaico de data posterior.
O final do v. 3 atesta que, devido à quantidade de animais e pessoas que Jó tinha, era considerado “o maior de todos os do Oriente”, ou seja, o homem mais rico de todo o oriente.
E o fato de que os bois estavam listados em juntas de bois utilizadas para lavrar a terra, indica que Jó tinha grandes extensões de terras cultiváveis. Além de terras com pastagens para alimentar todos os animais.
Estes detalhes nos introduzem no relato do relacionamento de Jó com os seus filhos e nos ensinam que a responsabilidade espiritual com os filhos permanece:
I. MESMO QU ESTEJAM BEM (v. 4)
4 Seus filhos iam às casas uns dos outros e faziam banquetes, cada um por sua vez, e mandavam convidar as suas três irmãs a comerem e beberem com eles.
Cada um dos filhos tinha a sua casa, o texto não diz se eram casados ou não, mas deveriam ser casados, porque senão, estariam morando com os pais. As irmãs, ou eram casadas e moravam em suas casas com os maridos, ou solteiras e moravam com os pais. O texto não detalha isso.
Eles “iam às casas uns dos outros e faziam banquetes” e era “cada um por sua vez”. Podia ser a ocasiões de aniversários, e se fosse daria festa o ano inteiro quase duas vezes por mês, considerando que, se todos fossem casados (sete filhos e três filhas e seus cônjuges) dariam dez maridos e dez esposas: vinte festas no ano.
Mas também devemos considerar que haveria outros motivos para se reunirem, prepararem um banquete e festejar: o nascimento de um filho, uma colheita bem sucedida.
O texto não diz que esses banquetes eram errados e sujeitos a reprovação. Não diz que havia bebedices e bagunças. Jó em nenhum momento teve evidências que seus filhos teriam pecado contra Deus.
E é certo que eles não ficavam somente em festas, mas com certeza eles faziam o seu trabalho. Eles tinham uma vida boa e próspera.
O texto deixa claro que havia entre eles: Amor, união, respeito, consideração. Eles faziam questão de estarem juntos o máximo possível. O texto não diz, mas certamente que Jó, juntamente com sua esposa, eram convidados e, eles até fossem em alguns desses banquetes, talvez não em todos, porque não dá para acompanhar o ritmo dos jovens quando querem fazer uma festa, ou como dizemos no nosso tempo: “fazer um churrasco”.
Continuando, veremos que a responsabilidade espiritual com os filhos permanece:
II. MESMO QUE NÃO TENHAM PECADO (5a)
5a Decorrido o turno de dias de seus banquetes, chamava Jó a seus filhos e os santificava; levantava-se de madrugada e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles, pois dizia: Talvez tenham pecado os meus filhos e blasfemado contra Deus em seu coração.
Não há evidências para demonstrar com clareza o que significa um “turno de dias de seus banquetes”. Se for considerada uma comemoração pela colheita bem sucedida, onde todos eles participassem do sucesso da colheita, as festas poderiam ser uma por dia e uma em cada casa, de cada um dos sete filhos, então teriam uma semana de festas e esse turno seria de sete dias.
Se for considerada as comemorações de aniversários então haveria um espaço maior de dias entre cada festa e o “turno de dias de seus banquetes” demoraria mais para finalizar.
Ainda que Jó não tivesse evidências de que os filhos haviam blasfemado contra Deus, ele sabia que alguma palavra ou atitude inconsciente poderia levar à profanação, ou, eles poderiam ter blasfemado contra Deus sem querer.
Como chefe da família, Jó era um sacerdote perante Deus. O toque final desta cena feliz é o pai piedoso assegurando-se duplamente de que tudo estava bem.
E o pecado, que teme que os filhos possam cometer sem querer, amaldiçoando a Deus no seu coração, é exatamente aquele que Satanás espera que Jó cometa (1.11; 2.5) e para o qual sua esposa o tenta (2.9).
O que disse Satanás a Deus a esse respeito?: “Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face”. (1.11).
E sua esposa?: “Então, sua mulher lhe disse: Ainda conservas a tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre“. (2.9).
A religião de Jó era interior e espiritual; mas reconhecia a necessidade das cerimônias e dos sacrifícios. Seu próprio ato de intercessão, ao oferecer holocaustos para restaurar a santidade dos seus filhos, demonstra sua crença no poder de um mediador que, mais tarde, criará nele o desejo de que alguém fizesse a mesma coisa por ele. Esse mediador é Jesus Cristo.
Por último, veremos que a responsabilidade espiritual com os filhos permanece
III. PARA SEMPRE (5b)
5b “Assim o fazia Jó continuamente.”
Ao final de cada período de festas, Jó oferecia tantos sacrifícios quanto o número de seus filhos, oficiando continuamente como um sacerdote familiar, numa época anterior ao estabelecimento do sacerdócio mosaico-aaraônico.
Essas ofertas eram para cobrir qualquer pecado que seus filhos pudessem ter cometido durante o período, indicando como era profunda a sua devoção espiritual. Esse registro está incluído a fim de demonstrar a retidão e a virtude de Jó e de sua família, o que torna o seu sofrimento descrito no restante do seu Livro ainda mais impressionante.
Esse tipo de oferta era conhecido desde os dias de Noé: “Levantou Noé um altar ao Senhor e, tomando de animais limpos e de aves limpas, ofereceu holocaustos sobre o altar.” (Gn 8.20).
Nas instruções que o Senhor ordenou a Moisés em Lv 1.4 diz que o holocausto era para a expiação de pecados: “E porá a mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação”.
A Bíblia nos ensina que devemos assumir a responsabilidade espiritual de nossa casa para que possamos ministrar aos nossos filhos. Essa é a responsabilidade dos pais.
O Senhor nos concedeu os nossos filhos e por isso devemos fazer jus ao presente que Ele nos entregou e prepará-los para que eles sirvam ao Senhor. “Herança do Senhor são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão.” (Sl 127.3)
Ensinar aos nossos filhos a justiça e o amor para que eles possam se relacionar bem com as pessoas e testemunharem do Senhor, para que sejam abençoados:
“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele.” (Pv 22.6).
“Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.” (Dt 6.6-7).
CONCLUINDO:
Nós aprendemos que:
Todos nós temos responsabilidades espirituais com os nossos filhos.
A nossa responsabilidade com os filhos é para sempre, não importando se já cresceram e se casaram.
Jó é um belo exemplo de como uma pessoa assume a responsabilidade pelos filhos: “pois dizia: Talvez tenham pecado os meus filhos e blasfemado contra Deus em seu coração.”
Juntamente com a intercessão contínua, devemos ensinar aos nossos filhos, sem parar, acerca dos mandamentos de Deus.
Esses cuidados são necessários para que tudo vá bem com os nossos filhos e nós estejamos em paz, quanto à nossa responsabilidade, com relação à instrução e intercessão a eles.
Que Deus nos abençoe
Bibliografia:
ANDERSEN, Francis I. Jó: Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova; Mundo Cristão, 1984, p. 74-78.
BÍBLIA. Português. Jó 1.1-5. In: Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo: Cultura Cristã; Barueri: SBB, 1999.
BÍBLIA. Português. Introdução a Jó; Jó 1.1-5. In: Bíblia de Estudo MacArthur. Barueri: SBB, 2010.