
A Segurança da Salvação
Texto Bíblico: João 10.22-30 [1]
INTRODUÇÃO
A Festa da Dedicação, uma festa que durava oito dias, era comemorada nos últimos dias de dezembro, inverno em Israel. Essa festa era (e ainda é hoje) a comemoração da purificação e rededicação do templo por Judas Macabeu no ano 165 a. C. exatamente três anos depois que ele foi profanado por Antíoco Epífanes, conforme o relato no livro de 1 Macabeus. Trata-se de um a festa alegre, marcada pela iluminação das habitações (daí ser também chamada “Festa das Luzes”) e pelas reuniões familiares. Embora não seja uma das três grandes festas dos peregrinos, ela, contudo, reunia muita gente em Jerusalém.
Com o inverno, vinha a estação das chuvas, e por isso Jesus passeava pelo Pórtico de Salomão, que era uma parte coberta do Templo de Jerusalém. Os judeus, irritados porque Jesus estava sempre expondo os erros deles através das parábolas e ilustrações que contava, procuravam encurralar Jesus através de perguntas capciosas, para ter como acusá-lo de blasfêmia e assim destruí-lo. Por isso perguntaram: “Se tu és o Cristo, dize-o francamente.” (v. 24).
Mas porque Jesus não respondia aos judeus claramente a essa pergunta? É que na mente dos judeus (particularmente os líderes religiosos judeus, hostis a Jesus) ser o Cristo significava ser o rei político (muito mais do que espiritual) de Israel, em rebelião contra o governo romano. Um rei político, o messias segundo a mentalidade judaica dos líderes, nunca poderia ser um filho de carpinteiro, pobre, sem nenhuma influencia política e militar, como Jesus se apresentava.
A missão de Jesus, não era seguir a interpretação judaica que envolvia a libertação política dos domínios romanos, mas sim era uma libertação espiritual do mundo inteiro através dos tempos. E por que os judeus não entendiam isso? É o que nós vamos analisar nas três divisões a seguir:
I. QUEM NÃO CRÊ NÃO PODE SER OVELHA DE JESUS
25 Respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo disse, e não credes. As obras que eu faço em nome de meu Pai testificam a meu respeito. 26 Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas.
- Esses judeus não eram crentes, eram brutos e violentos (causavam morte);
- Não tinham entendimento espiritual, não sabiam interpretar o AT;
- Não entendiam a linguagem de Jesus, pois não tinham humildade;
- Não sentiam que necessitavam da salvação espiritual provida por Jesus: “Qual a razão por que não compreendeis a minha linguagem? É porque sois incapazes de ouvir a minha palavra.” (Jo 8.43).
- Jesus já havia provado sua origem e o seu caráter;
- Já havia curado o paralítico de Betesda e o cego de nascença (5.1-18; 9.1-12);
- Os judeus haviam ignorado esses sinais, por isso se faziam culpados;
- Os judeus estavam fazendo tudo para desfazer os efeitos que os sinais de Jesus tinham sobre o povo, pois temiam perder sua influência;
- Esses judeus não eram ovelhas de Jesus (v. 26);
- As ovelhas de Jesus foram-lhe dadas pelo Pai (cf. 6.39 e 10.29).
II. QUEM CRÊ EM JESUS OUVE SUA VOZ E ESTÁ SEGURO EM SUA MÃO
27 As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. 28 Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão.
As ovelhas | Jesus |
Ouvem a minha voz; | Eu as conheço; |
Elas me seguem | Eu lhes dou a vida eterna; |
Jamais perecerão. | Ninguém as arrebatará da minha mão. |
Com ligeiras variações, todos os seis elementos foram mencionados antes. Portanto, para a explicação, simplesmente indicamos as passagens em que as mesmas verdades foram expressas anteriormente, conforme referências:
- Minhas ovelhas ouvem minha voz (cf. 10.3; 10.8; 10.16):
“Para este o porteiro abre, as ovelhas ouvem a sua voz, ele chama pelo nome as suas próprias ovelhas e as conduz para fora.” (10.3).
“Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não lhes deram ouvido.” (10.8).
“Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor.” (10.16).
- E eu as conheço. (cf. 10.3; 10.14):
“Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim,” (10.14).
- E elas me seguem. (cf. 10.4-5):
“Depois de fazer sair todas as que lhe pertencem, vai adiante delas, e elas o seguem, porque lhe reconhecem a voz; mas de modo nenhum seguirão o estranho; antes, fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.” (10.4-5).
- E eu lhes dou vida eterna. (cf. 10.10; 3.16):
“O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” (v. 10.10).
“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (3.16).
- E elas certamente nunca perecerão. (cf. 3.16):
- E ninguém as arrebatará de minha mão. (cf. 10.12):
“O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então, o lobo as arrebata e dispersa.” (10.12).
O que é afirmado aqui, (conforme explica Hendriksen), resume-se no seguinte: “Minhas ovelhas – tendo se tornado minhas porque elas me foram dadas por meu Pai (10.29) – fizeram grande esforço em ouvir o som de minha voz. Elas fazem isso constantemente. Elas me obedecem prontamente, e põem toda sua confiança em mim. Eu as conheço e as reconheço como minhas. Elas me seguem, porém fogem de estranhos. Eu lhes dou aqui e agora (bem como no futuro) a vida que está radicada em Deus e que pertence ao tempo futuro, ao reino da glória.
As ovelhas certamente nunca perecerão, isto é, elas nunca entrarão na esfera da ira, na condição de serem banidas para sempre da presença do amor de Deus. “E ninguém as arrebatará de minha mão (simbolizando meu poder).”
III. QUEM CRÊ NUNCA SERÁ ARREBATADO DA MÃO DE DEUS
29 Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar. 30 Eu e o Pai somos um.
- Qual é o poder de Deus?
- Alguém poderia tirar alguma coisa da mão de Deus?
- Se estamos na mão de Deus poderemos fazer alguma coisa para perder a nossa salvação?
- Como poderemos perder a salvação se é da vontade do Pai que sejamos salvos?
- Se alguém que é salvo, e pudesse fazer alguma coisa para perder a salvação, isso não estaria comprometendo a soberania de Deus?
- Se detemos o poder de perder a nossa salvação então Deus não é o Todo Poderoso.
- Nunca perderemos a nossa salvação, pois ela depende de Deus e Ele quer a nossa salvação. Ele já nos salvou.
Observe que, de acordo com o versículo 28. Jesus tinha acabado de dizer, com referência às ovelhas, “e ninguém as arrebatará de minha mão”. E naturalmente faz-se a pergunta, “Por que não?” A resposta (v. 29) é, em substância, “Porque elas são muito preciosas tanto para o Pai quanto para mim, e me foram dadas pelo Pai”.
CONCLUSÃO
Um pai certamente prezará e protegerá aquilo que ele, em seu amor incompreensível, deu a seu filho. Observe que nesse caso o que o Pai deu ao Filho permanece propriedade do Pai (é agora propriedade de ambos). Esse presente, então, sendo mais excelente (literalmente, maior, portanto, mais precioso) do que todas as outras criaturas não pode nunca perecer. Verdadeiros crentes nunca se perdem. Eles são objeto do cuidado muito especial de Deus, que repousa em seu “Amor que Predestina”.
O Senhor Jesus declara que suas ovelhas “jamais perecerão“. Embora sejam fracas, serão salvas. Nenhuma delas se perderá ou será lançada fora; nenhuma deixará de entrar no céu. Se pecarem, serão reconduzidas ao caminho da santidade. Se caírem, serão levantadas. Os inimigos de suas almas são fortes e poderosos; todavia, o Salvador delas é mais poderoso, e ninguém as arrebatará de sua mão.
Que Deus nos abençoe
[1] HENDRIKSEN, William. João: Comentário do Novo Testamento. São Paulo: Cultura Cristã, 2004, pp. 473-481.