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De Onde me Virá o Socorro?

¹Elevo os meus olhos para os montes: de onde me virá o socorro? ²O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra. ³Ele não permitirá que os seus pés vacilem; não dormitará aquele que guarda você. ⁴É certo que não dormita, nem dorme o guarda de Israel. ⁵O Senhor é quem guarda você; o Senhor é a sombra à sua direita. ⁶De dia não lhe fará mal o sol, nem de noite, a lua. ⁷O Senhor guardará você de todo mal; guardará a sua alma. ⁸O Senhor guardará a sua saída e a sua entrada, desde agora e para sempre. (Salmos 121:1-8)

Cântico de Peregrinação

Cântico de peregrinação (em hebraico: “Shir hama’alot” – שיר המעלות) é uma designação que aparece no título do Salmo 121, assim como em outros 14 salmos (Salmos 120-134), conhecidos também como Cânticos de Romagem ou Cânticos dos Degraus. Podendo significar:

1. Peregrinação a Jerusalém

Em primeiro lugar, a interpretação mais aceita é que esses salmos eram cantados pelos peregrinos judeus durante suas jornadas para Jerusalém, especialmente nas três grandes festas anuais (Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos). Visto que Jerusalém fica em uma região montanhosa, os peregrinos literalmente subiam para a cidade santa.

2. Uso no Templo

Além disso, outra tradição sugere que eram cantados nos degraus do Templo de Jerusalém, possivelmente pelos levitas durante as cerimônias.

3. Estrutura Poética

Finalmente, alguns estudiosos veem uma estrutura de ascensão ou progressão temática nos próprios salmos, onde as ideias se desenvolvem de forma crescente.


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No Contexto do Salmo 121

O autor do Salmo 121 não é mencionado diretamente no texto, mas tradicionalmente é atribuído ao rei Davi.

ademais, este salmo expressa confiança na proteção divina durante a jornada, o que se encaixa perfeitamente ao contexto de uma peregrinação. Assim, o salmista declara que sua ajuda vem do Senhor e que Ele é o guardião que não dorme, protegendo o viajante dia e noite. Dessa forma, a designação conecta este salmo a uma rica tradição de fé e adoração comunitária do povo de Israel.

Hernandes acrescenta que:

“As caravanas de romeiros que rumavam para Jerusalém enfrentavam muitos perigos ao longo da jornada: os vales escuros, os montes rochosos, as víboras peçonhentas, as feras selvagens, os assaltantes que ficavam à espreita nas cavernas dos montes, o calor escaldante do dia que provoca insolação e o frio gelado das noites que trazia desconforto. Tudo era motivo de preocupação para os viajantes. Na medida que se aproximavam da cidade da paz, Jerusalém, encrustada no topo das montanhas, a oitocentos metros acima do nível do mar Mediterrâneo, os peregrinos erguiam os olhos e perguntavam: ‘Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro?’ (121:1). O socorro não poderia vir dos homens, das armas ou do dinheiro que levavam. A resposta categórica, certeira e convicta era: ‘O meu socorro vem do Senhor…’ (121:2a).”¹
¹ LOPES, Hernandes Dias. Comentário Expositivo – Salmos 73 a 150, p. 1328.

“Elevo os meus olhos para os montes: de onde me virá o socorro?”

O salmista olha para as montanhas, possivelmente as colinas ao redor de Jerusalém. Esta pergunta retórica expressa uma busca por ajuda. Alguns interpretam que ele questiona se o socorro viria dos altos lugares onde às vezes se praticava idolatria, preparando para contrastar com a verdadeira fonte de ajuda.
Assim como o do salmista, nosso socorro não vem de nossa própria força, dos nossos valores, de nossa inteligência, de nossa capacidade de construir coisas ou até mesmo das nossas riquezas. Ele só pode vir de uma única fonte: do nosso Pai Criador.

“O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra”

Aqui está a resposta categórica: o socorro não vem dos montes ou de ídolos, mas do Senhor (Yahweh), identificado como o Criador de tudo. Portanto, esta é uma afirmação de fé monoteísta, contrastando com as religiões pagãs da época.

Atualmente vivemos uma época em que diversas coisas são buscadas como refúgio e proteção. Assim, as pessoas depositam sua confiança em objetos de sorte, apoios materiais, bens materiais e elementos transitórios. Entretanto, a genuína devoção ao Deus uno e trino está sendo fragmentada entre múltiplas distrações e falsos deuses, fazendo com que frequentemente Deus desvie seu olhar para evitar manifestar sua indignação contra nós.

É necessário que despertemos e ofereçamos a honra apropriada ao Deus que criou todas as coisas, uma vez que exclusivamente dEle provém nossa verdadeira ajuda e amparo.

“Ele não permitirá que os seus pés vacilem; não dormitará aquele que guarda você”

Primordialmente, Introduz a metáfora do Senhor como guardião vigilante. Assim, “Seus pés vacilem” refere-se tanto ao tropeço físico quanto ao espiritual/moral. O guardião divino está sempre alerta, diferente dos guardas humanos que precisam dormir.

Quando temos Deus como guarda, não importam as situações em que nos encontramos – Ele cuida de tudo, pois não dorme, não se cansa; seus olhos estão sempre atentos, vigilante dia e noite. Além disso, seus braços estão sempre estendidos, tanto para nos ajudar como para nos livrar das artimanhas do nosso inimigo.

“É certo que não dormita, nem dorme o guarda de Israel”

Dessa forma, reforça e amplia o conceito anterior. Enquanto o versículo 3 falava do cuidado individual (“eu”, “você”), este fala do cuidado coletivo (“Israel”, “nós”). Assim, a repetição “não dormita, nem dorme” enfatiza a vigilância constante de Deus.

Igualmente, Deus demonstra seu cuidado individual a cada pessoa e também por sua Igreja através de um amor que transcende nossa compreensão. Sobretudo, Esse amor se manifestou de forma suprema quando Ele ofereceu seu Filho unigênito como sacrifício para nos libertar do pecado, nos tirando da escuridão espiritual e nos conduzindo à luz radiante que encontramos em Jesus Cristo.

“O Senhor é quem guarda você; o Senhor é a sombra à sua direita”

A repetição de “O Senhor” (Yahweh) enfatiza a identidade do guardião. “Sombra à sua direita” é uma imagem poderosa: no Oriente Médio, a sombra oferece proteção vital do sol escaldante. A direita era considerada o lado da honra e proteção.

Hernandes reitera que:

“A sombra dá proteção do calor sufocante e da luz que ofusca; e, assim como ela traz refrigério, a presença do Senhor conosco é o nosso descanso e nos dá a sombra de que precisamos (Salmos 17:8; 36:7; 57:1; 63:7; 91:1). Assim como a mão direita é o símbolo da força, a presença de Deus conosco é a nossa fortaleza, pois é o próprio Senhor todo-poderoso que nos guarda!”²

² LOPES, Hernandes Dias. Comentário Expositivo – Salmos 73 a 150, p. 1330.

Certamente, Deus não é um guarda distante. Pelo contrário, Ele está ao nosso lado, pronto para agir em nosso favor. Dessa maneira, sua presença é segura e permanente.

“De dia não lhe fará mal o sol, nem de noite, a lua”

Este versículo detalha a abrangência da proteção divina, estendendo-a a todas as horas do dia e da noite. O sol e a lua representam os perigos e influências negativas que podem surgir em diferentes períodos. A promessa é que nem mesmo os elementos naturais, que podem ser prejudiciais, terão poder para causar dano àquele que está sob a guarda do Senhor.

Em todas as situações, o Senhor cuida de nós. Não há hora em que estejamos desamparados ou expostos sem sua cobertura.

“O Senhor guardará você de todo mal; guardará a sua alma”

Amplia a proteção além dos perigos físicos para incluir todo tipo de mal. Alma (nephesh em hebraico) refere-se à vida total da pessoa, não apenas ao aspecto espiritual.

Além da proteção física, o cuidado de Deus se estende ao nosso interior: a alma. É um cuidado total e profundo. Deus protege não só o corpo, mas também o espírito. Mesmo em meio ao sofrimento, Ele guarda o que há de mais precioso em nós.

“O Senhor guardará a sua saída e a sua entrada, desde agora e para sempre”

Conclusão que abrange toda a vida: “saída e entrada” representa todas as atividades e movimentos da vida. “Desde agora e para sempre” estabelece a eternidade desta proteção divina.

Nossa jornada inteira está nas mãos do Senhor. Onde quer que formos, Ele é nosso guarda fiel, hoje e para sempre.

Aplicação Prática

Este Salmo nos lembra que nossa verdadeira segurança vem de Deus, que está atento a cada passo nosso. Ele é nosso protetor constante, nosso socorro presente, e guarda não apenas o corpo, mas a alma.

Por isso, podemos andar com fé, mesmo em meio às incertezas, certos de que Ele nunca dorme nem nos abandona. É uma declaração de fé na providência e na proteção divina, que oferece tranquilidade aos que confiam nEle.

Este salmo nos lembra que, independentemente dos desafios que enfrentemos, não estamos sozinhos, pois o Senhor é nosso eterno guardião.

Ivanilza Erdos
Ivanilza Erdos

Mestre em Teologia pela PUC-PR. Pós-graduada em Teologia Bíblica pela PUC-PR. Graduada em Teologia (integralização de créditos) pelo Centro de Ensino Superior de Maringá CESUMAR. Graduada em Teologia pelo Instituto e Seminário Bíblico de Londrina ISBL. Cristã Protestante. Casada com Francisco Erdos e têm dois filhos: Natan Henrique e Lucas Vinícius.

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