
Fazer Tudo Para a Glória de Deus
ORIENTAÇÕES PARA O CRESCIMENTO ESPIRITUAL
Como cumprir com as nossas obrigações no mundo glorificando a Deus? – 1 Coríntios 10.31-11.1
LEITURA DIÁRIA:
D | 1Ts 5.18 – Em tudo dar graças
S | Lc 12.42 – Ser mordomo fiel e prudente
T | Is 43.7 – Somos criados para a glória de Deus
Q | Rm 2.24 – Falar e fazer corretamente
Q | Mt 18.6 – Não ser pedra de tropeço
S | 1Co 10.31 – Fazer tudo para a glória de Deus
S | 1Co 11.1 – Imitar a Cristo
INTRODUÇÃO
Conforme avançamos na idade e na experiência de vida, começamos a adquirir a real compreensão do que significa o mandamento contido em 1Co 10.31 “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”. Certamente não devemos nos abster de cumprir com a vontade do Senhor em tudo o que Ele determinou para a nossa vida, relacionado à: família, estudos, trabalho, igreja, etc. Devemos ser gratos ao Senhor (1Ts 5.18) e devemos ser “mordomo fiel e prudente” (Lc 12.42), administrando tudo aquilo que o Senhor colocar em nossas mãos para o sustento nosso e daqueles que estiverem sob a nossa responsabilidade, seja em questões espirituais ou materiais.
Mas fica claro em nossas mentes que, muito do que fizemos lá atrás poderia ter tido um resultado mais prazeroso para nós, se tivesse sido feito “para a glória de Deus”. O comportamento, as atitudes, os relacionamentos, as palavras ditas, os trabalhos efetuados nas igrejas, as ministrações, os estudos, as atividades profissionais. Muitas vezes acertamos ao fazer de forma agradável a Deus, mas às vezes, o erro foi lamentável, e, ainda que tenha havido vantagens materiais, Deus não se agradou da forma como foi conduzido o feito. Após devidamente analisado e reconhecido o erro, a simples lembrança nos deixam envergonhados. Dessa forma, para glorificar a Deus devemos observar os três pontos a seguir:
I. NÃO SER CAUSA DE TROPEÇO:
O vs. 32 diz: “Não vos torneis causa de tropeço nem para judeus, nem para gentios, nem tampouco para a igreja de Deus,”. Para facilitar a aplicação para as nossas vidas, vamos fazer substituições dos grupos de pessoas citadas neste versículo:
Judeus, substituímos por “outros cristãos”: Como não temos judeus entre nós podemos contextualizar essa parte citando os cristãos de outras denominações considerando seus usos e costumes. Se precisarmos interagir com pessoas de outras igrejas com costumes diferentes, o que nos custa nos adequar a esses costumes durante a interação? Se for um evento formal onde os homens desta igreja participam de terno e gravata, vamos comparecer de terno e gravata! Além disso, deveremos nos prevenir de não causar má impressão ou constrangimentos a ninguém.
Gentios, substituímos para os não-cristãos: Nós estamos no mundo e temos que interagir com as pessoas não cristãs. Não há como evitar. Porém devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que não seja aplicada a nós a Palavra que está em Rm 2.24: “Pois, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por vossa causa”. As nossas palavras e atitudes devem sempre transmitir o correto proceder e a cortesia e, se estivermos fazendo negócios, é melhor que tenhamos um lucro menor, mas não sejamos tidos por mentirosos e exploradores pelas pessoas do mundo, porque dessa forma sempre poderemos ter o caminho aberto para compartilhar a nossa fé com eles.
Para a Igreja de Deus (todos os cristãos): Por menores que sejamos no Reino de Deus, sempre haverá alguém menor que nós, dos quais somos exemplos de conduta cristã. Não adianta pensarmos que ninguém está olhando para nós. Sim! Somos vistos e as pessoas estão olhando e procurando aprender, com os nossos exemplos e palavras, o que fazer na vida cristã. Jesus faz uma advertência em Mt 18.6: “Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar”. Paulo em Rm 14.21 explica: “É bom não comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa com que teu irmão venha a tropeçar [ou se ofender ou se enfraquecer]”.
II. NÃO BUSCAR O PRÓPRIO INTERESSE:
A nossa tendência natural, devido a nossa pecaminosidade, é sermos egoístas e buscarmos o nosso próprio interesse. Porém, às vezes, quando defendemos os nossos interesses querendo levar vantagens materiais e pessoais, acabamos deixando outros em desvantagens. Assim, desde que estejamos almejando maior maturidade cristã, e seguindo o exemplo de Paulo no vs. 33: “assim como também eu procuro, em tudo, ser agradável a todos, não buscando o meu próprio interesse, mas o de muitos, para que sejam salvos.”, é melhor avaliarmos as vantagens espirituais e considerar não buscar o próprio interesse e:
…preservar os amigos: Qualquer pessoa se torna amiga quando tem suas vantagens garantidas ao negociar conosco. As pessoas irão querer negociar conosco novamente e se esforçarão em manter as portas do relacionamento constantemente abertas. Porém, se em alguma negociação, a nossa vantagem pessoal estiver acima de tudo, poderá fazer com que as portas sejam fechadas e a nossa honestidade seja colocada em dúvida. Se tivermos falado de Deus para essas pessoas, a credibilidade de nossa pregação estará vinculada ao conceito que essas pessoas formaram de nós.
…preservar os familiares: Entre família, se não colocarmos acima de tudo a paz e o equilíbrio, o nosso relacionamento familiar vira um campo de batalha, onde cada um luta pelos seus próprios interesses pessoais. Por isso, entre o casal, é melhor ceder para manter a paz. E os filhos, devem passar por uma educação profunda neste sentido para que possam viver em paz na família e também, possam aplicar quando forem constituir suas próprias famílias.
…preservar os irmãos da igreja: Em qualquer situação, onde estiver ao nosso alcance, promover o proveito do próximo, antes do nosso, de forma que estejamos trabalhando para a salvação deles. Está em vista aqui principalmente os irmãos ainda fracos na fé. Se estes forem ofendidos, toda a igreja é ofendida como diz mais adiante Paulo: “De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam.” (1Co 12.26). Mas qual é o objetivo de Paulo? É“para que sejam salvos”, é para que estejam firmes na igreja e continuem a ser alcançados e possam crescer pela Palavra de Salvação em Cristo Jesus [1].
III. SER IMITADOR DE CRISTO:
Ser imitador de Cristo é um requisito do verdadeiro cristão, como ensina Paulo: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.” (1Co 11.1). Paulo não explica, neste versículo, como deve ser o procedimento para sermos imitadores de Cristo, mas podemos inferir por vários textos espalhados pelo Novo Testamento:
Cristo sofreu por nós: Jesus é o soberano do universo, Ele é Deus e “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez.” (Jo 1.3). Mas Ele preferiu habitar no meio de nós e para isso “[…] a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana,” (Fp 2.7), veio para nos salvar e “pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados” (Ap 1.5b).
Cristo é exemplo para nós: Paulo escreve: “e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave.” (Ef 5.2). Por tudo que Jesus fez por nós, Ele requer apenas que deixemos de lado o que julgamos ser o nosso direito para buscar o interesse do próximo, conforme explica Paulo “Ninguém busque o seu próprio interesse, e sim o de outrem.”1Co 10.24.
O objetivo de Cristo é a glória de Deus: Isto é demonstrado por Paulo em Romanos quando diz: “Portanto, acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a Glória de Deus.” (Rm 15.7). Paulo critica aqueles que querem se gloriar sobre as conquistas e fala sobre a sua posição: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo.” (Gl 6.14). Por fim, Paulo expressa aqui os mesmos sentimentos manifestados em uma de suas epístolas da prisão: “E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.” (Cl 3.17) [2].
CONCLUSÃO
Cada dia que passa fica mais claro que as vantagens espirituais superam as vantagens materiais em tudo o que fazemos. Por isso, quanto mais cedo compreendermos o que significa “fazei tudo para a glória de Deus”, mais teremos satisfação em tudo o que fizermos, pois estaremos cumprindo o objetivo principal de nossas vidas, porque fomos criados para a glória de Deus (Is 43.7).
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[1] KISTEMAKER, Simon J. 1 Coríntios. Comentário do Novo Testamento. São Paulo: Cultura Cristã, 2003, pp. 499-500.
[2] Idem p. 498.