O Primeiro Concílio de Niceia, convocado em 325 d.C. pelo Imperador Constantino, é frequentemente lembrado por seu papel em abordar controvérsias cristológicas, particularmente o arianismo, e por estabelecer um credo fundamental para a fé cristã. No entanto, sua influência na aceitação do cânon do Novo Testamento, incluindo o Evangelho de Marcos, é frequentemente mal compreendida ou exagerada em narrativas populares.

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Contexto do Conselho

O objetivo principal do Concílio era alcançar a unidade dentro da igreja cristã e abordar disputas teológicas. Embora as discussões em torno do cânon das Escrituras fossem relevantes para os procedimentos do concílio, ele não estabeleceu formalmente um cânon definitivo das Escrituras cristãs. Em vez disso, o concílio se concentrou em questões doutrinárias, como a natureza de Cristo e a governança da igreja.

Conceitos errôneos sobre a formação do cânone

Existem muitos equívocos sobre o papel de Niceia na determinação de quais textos eram considerados canônicos. Ao contrário da crença popular, o concílio não criou ou finalizou o cânon bíblico. Evidências históricas indicam que as discussões sobre quais escritos eram autoritativos estavam em andamento antes de Niceia e continuaram depois. Por exemplo:

O cânon foi amplamente reconhecido por várias comunidades cristãs antes de Niceia, com textos como o Evangelho de Marcos já sendo aceitos em muitos círculos como autoridade.

A formalização real do cânon do Novo Testamento ocorreu mais tarde, principalmente em concílios como os de Hipona (393 d.C.) e Cartago (397 d.C.), que reafirmaram listas que incluíam o Evangelho de Marcos entre outros textos.


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O status do Evangelho de Marcos pré-Niceia

Na época do Concílio de Niceia, o Evangelho de Marcos já era amplamente aceito na igreja primitiva. Figuras influentes como Papias, Irineu e Clemente de Alexandria afirmaram suas origens apostólicas e confiabilidade com base em sua conexão com os ensinamentos de Pedro. Isso estabeleceu um forte precedente para sua aceitação entre os primeiros cristãos.

Influência indireta de Niceia

Embora Niceia não tenha abordado diretamente a canonização do Evangelho de Marcos, contribuiu para um ambiente onde as crenças ortodoxas foram solidificadas:

Afirmação da Autoridade Apostólica : A ênfase do concílio em manter a ortodoxia reforçou indiretamente a autoridade de textos como o Evangelho de Marcos, que estavam ligados a figuras apostólicas.

Unidade entre os bispos : Ao promover a unidade entre os bispos e estabelecer um credo comum, Niceia ajudou a criar uma compreensão mais coesa da doutrina cristã, que incluía a aceitação dos Evangelhos estabelecidos.

Conclusão: O Legado de Niceia

Embora o Primeiro Concílio de Niceia tenha desempenhado um papel crucial na formação da doutrina cristã primitiva e no tratamento de disputas teológicas, ele não impactou diretamente a aceitação ou rejeição do Evangelho de Marcos como parte do cânon do Novo Testamento. Em vez disso, o Evangelho de Marcos já era reconhecido como autoritativo antes do concílio devido às suas conexões apostólicas e uso generalizado na adoração e no ensino cristãos primitivos. O legado de Niceia está mais em seu estabelecimento da ortodoxia do que em qualquer ação direta em relação à própria Escritura.

Fontes Consultadas:

MEADE, John. No, Nicaea Didn’t Create the Canon Disponível em <https://www.thegospelcoalition.org/article/nicaea-canon/> acesso em 01/10/2024.

PEARSE, Roger. The Council of Nicaea and the Bible Disponível em: <https://www.tertullian.org/rpearse/nicaea.html> acesso em 01/10/2024.

BRITANNICA. First Council of Nicaea: Christianity [325] Disponível em <https://www.britannica.com/topic/Nicene-Creed> acesso em 01/10/2024.

WIKIPEDIA. Primeiro Concílio de Niceia Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Primeiro_Conc%C3%ADlio_de_Niceia> acesso em 01/10/2024.

WIKIPEDIA. Development of the New Testament canon Disponível em <https://en.wikipedia.org/wiki/Development_of_the_New_Testament_canon> acesso em 01/10/2024.

Francisco Erdos
Francisco Erdos

Doutor em Teologia pela PUC-PR. Mestre em Teologia pela PUC-PR. Pós-graduado em Teologia Bíblica pela PUC-PR. Graduado em Teologia (integralização de créditos) pelo Centro de Ensino Superior de Maringá CESUMAR. Graduado em Teologia pelo Instituto e Seminário Bíblico de Londrina ISBL. Licenciado ao Ministério Pastoral pela Igreja Presbiteriana do Brasil. Casado com Ivanilza Erdos e têm dois filhos: Natan Henrique e Lucas Vinícius. Ver + Currículo

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