
Quero Trazer à Memória O Que Me Pode Dar Esperança
O nosso texto está em Lamentações 3, sendo que para esta reflexão destaco os versículos 21-24 para juntos meditarmos:
“Quero trazer à memória o que me pode dar esperança. As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade. A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto, esperarei nele” (Lm 3.21-24).
21 Quero trazer à memória o que me pode dar esperança.
• O Senhor é a nossa única esperança, ainda que nós estejamos em falta;
22 As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim;
• Os nossos pecados nos causam sofrimento, nos causam dor e angústia, mas o favor imerecido de Deus para nós é o que nos mantém vivos;
23 renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade.
•Ainda que as nossas falhas sejam constantes e todos os dias estejamos em pecado, as misericórdias do Senhor em nosso favor se renovam a cada dia;
24 A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto, esperarei nele.
• O Senhor é fiel é nunca permitirá que pereçamos. A nossa recompensa final é o Senhor. não há outro! Portanto, ainda que eu seja falho, ainda que constantemente eu esteja sofrendo as consequências pelos meus pecados, eu confiarei no Senhor para a minha salvação, porque eu sei que Ele é Fiel.
Uma tradição muito antiga atribui a autoria desses poemas a Jeremias.
No ano de 587 os babilônios destruíram Jerusalém e seu templo e deportaram um grande segmento da população, deixando somente os mais pobres e os mais fracos (cf. 2Rs 24 e 25).
Houve muita morte, e diante disso, a angústia é a única resposta apropriada. O livro se volta então ao passado. Deus os livrara do Egito, realizando uma aliança no Sinai, e os levando para a herança prometida em Canaã. Se eles tivessem se mantido fiéis a esta aliança, poderiam ter esperado bênçãos; caso não, uma maldição seguiria a desobediência (Dt 28).
Israel se tornou inimigo de Deus devido a seu pecado; esta é a causa real da destruição. Embora todos tenham pecado, os líderes religiosos são castigados de forma mais intensa (p.ex. 2.14; 4.13). Palavras de confissão vêm de Sião (1.18, 20, 22) e do povo (3.42; 5.7, 16). Eles todos seriam parte de um pecado maior: a quebra da aliança. Tal violação conduziu à maldição da aliança. Não há sombra de dúvidas que isto seja injusto; de fato “O Senhor é justo, pois me rebelei contra sua palavra” (1.18).
Israel lamenta e confessa; estes são atos de fé. Mas e quanto ao futuro? O poeta ora para que o Senhor esteja próximo e redima sua vida (3.57-58), e diz a Sião, “seu castigo é completo… ele não lhe colocará no exílio novamente“. No cap. 3 estas esperanças são expressas bem mais intensamente. A graça e a misericórdia do Senhor nunca têm fim (3.22); o Senhor não lança fora para sempre (3.31). Ao longo do livro, o poeta está certo de que o Senhor ouviu suas orações. O Senhor ainda está entronizado para sempre (5.19). Apesar do grande trauma dos eventos recentes, a porta para a misericórdia infinita e renovadora do Senhor ainda está aberta.
Que o Senhor nos abençoe.
Junto com esta breve reflexão, transcrevo abaixo o hino que tem como título original: Great is thy faithfulness “Grande é tua fidelidade”.
Este hino cristão foi escrito por Thomas Chisholm (1866–1960) com música composta por William M. Runyan (1870–1957) nos EUA.
O autor escreveu mais de 1200 poemas sendo que 800 foram publicados e 220 destes foram musicados para a hinologia cristã.
A frase “grande é tua fidelidade” vem do livro de Lamentações 3:23 e foi escrita em 1923 e fala sobre a fidelidade de Deus ao longo da vida do autor.
Em pouco tempo o hino se tornou muito conhecido e Billy Graham o cantava frequentemente em suas cruzadas internacionais.
A tradução em português é uma colaboração de Joan Sutton, Lídia Bueno e Hope Silva, na década de 60. Na tradução título do hino foi mudado para “Tú és fiel, Senhor”.
No Hinário Novo Cântico o título é O Deus Fiel, nº 32.
32 – O Deus Fiel
Tu és fiel, Senhor, ó Pai celeste,
Teus filhos sabem que não falharás!
Nunca mudaste, tu nunca faltaste,
Tal como eras tu sempre serás.
Tu és fiel, Senhor! Tu és fiel, Senhor!
Dia após dia, com bênçãos sem fim,
Tua mercê nos sustenta e nos guarda;
Tu és fiel, Senhor, fiel assim.
Flores e frutos, montanhas e mares,
Sol, lua, estrelas brilhando no céu,
Tudo criaste na terra e nos ares,
Para louvar-te, Senhor, que és fiel.
Pleno perdão tu dás! Que segurança!
Cada momento me guias, Senhor,
E no porvir, Oh! que doce esperança!
Desfrutarei do teu rico favor. Amém.
Sobre questões bibliográficas ver:
ERDOS, Francisco. A Negligência, a Reflexão e a Criptomnésia